Rio -  Algumas mulheres têm se destacado na vida pública desde que foram libertadas do jugo da subcidadania. Patricia Acioli lutou contra o crime organizado e, abandonada por seus pares, tornou-se mártir dessa causa. Após sua morte, houve quem tentasse pisoteá-la com discursos maliciosos sobre suas relações privadas, como que quisessem lhe negar até o direito de amar.

Outra Patrícia, que já leva o ‘Amor’ em seu sobrenome, destaca-se por ser a primeira presidenta eleita para administrar um grande clube esportivo — o maior e mais querido de todos. Também sofre preconceitos e perseguições por ter um comportamento público correto como política e tem um comprometimento com a causa do esporte, atleta vitoriosa que foi.

Quando ainda não ocupava lugar de destaque na administração do Rubro-Negro, liderou programas sociais de grande magnificência, abrindo as portas para a prática do esporte, onde se consagrou a crianças e jovens de comunidades carentes, ajudando-os na prática de bons costumes e na busca da saúde atlética e corporal.

Eleita presidenta, depois de acirrada disputa com correntes que representavam o atraso do Flamengo, saiu-se vitoriosa com larga margem de esperança de mudança. Mudanças que vieram em forma de correção e respeitabilidade, transformando a Gávea num espaço acolhedor de lazer e práticas esportivas prazerosas. Tratou de realizar sonhos antigos, como o do presidente George Helal, e está construindo o CT que capacitará o clube a continuar fazendo seus craques em casa.

É verdade que praticou alguns erros administrativos, qual humano que não os comete? Mas valeu a tentativa de atrair para sua equipe o maior ídolo do clube, Zico. Colocar no comando do futebol um dos maiores treinadores da atualidade, o rubro-negro Luxemburgo, que infelizmente não se adaptou, e trazer o duas vezes maior craque do planeta, Ronaldinho, que nos traiu pela sua irresponsabilidade profissional.

Contudo, é preciso reconhecer a grandeza dessa mulher, que mostrou muito equilíbrio e tenacidade, e que joga em todas as posições, como mulher, política, mãe, esposa e administradora com grandes qualidades. Terá ainda grande desafio: o de pacificar esse grande clube de irmãos desunidos, que não precisa de adversários externos, pois os tem internamente. Patrícia Amorim, com o seu carisma, entrará na história do Mais Querido como a primeira mulher a administrá-lo e pacificá-lo.
Siro Darlan é desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e Membro da Associação Juízes para a Democracia